O
que é brain rot? Entenda os memes caóticos da geração Alpha gerados por IA,
como o "Tralalero Tralala"
Vídeos
aparentemente sem sentido prendem a atenção — e podem afetar a saúde mental dos
mais jovens
Você
já se deparou com um tubarão de três pernas usando tênis azuis nas redes
sociais? Essa figura inusitada se tornou viral nos últimos meses. Criado com
auxílio de inteligência artificial e narrado com a voz do ator Dwayne Johnson,
o “The Rock”, o personagem é um dos favoritos das gerações
Z e Alpha.
Ele faz parte de uma tendência de memes conhecida como brain
rot. Segundo dados do Google, esse tipo de conteúdo está entre os mais
buscados no Brasil, com um aumento de interesse de 350%.
Mas
o que significa "Tralelero Tralala"?
A
expressão não tem um significado definido. Sua origem está em músicas
folclóricas do norte da Itália, mas em 2025 passou a ser usada como trilha
sonora de vídeos com imagens geradas por IA — marca registrada do estilo brain
rot. O termo descreve a perda de foco e a dificuldade de concentração causadas
pelo consumo contínuo de conteúdo superficial nas redes sociais. Em 2024,
"brain rot" foi eleita a palavra do ano pela Universidade de Oxford.
Conforme
o neuropsicólogo Aslan Alves, o consumo exagerado de conteúdos extremamente
curtos, rápidos e fragmentados pode impactar negativamente o desenvolvimento
cognitivo de crianças e adolescentes. Durante essa fase da vida, o cérebro
ainda está em formação, especialmente as regiões relacionadas à autorregulação,
controle inibitório, planejamento e atenção sustentada, funções cognitivas que
são fundamentais para a aprendizagem e o comportamento.
"Esse
tipo de conteúdo ativa mecanismos de recompensa instantânea, liberando dopamina
de forma rápida e frequente, o que pode levar a uma busca constante por
estímulos cada vez mais intensos e imediatos. Como resultado, há uma diminuição
do interesse por atividades que demandam esforço mental e paciência, como
leitura, escrita e resolução de problemas complexos. A longo prazo, isso pode
prejudicar o desenvolvimento da memória de trabalho, da capacidade de reflexão
e do pensamento crítico", explicou o profissional.
Como
os conteúdos afetam o funcionamento do cérebro?
Ainda
segundo o profissional, a tendência funciona como armadilha para o sistema de
recompensa do cérebro. "O consumo de conteúdos curtos e fragmentados pode
diminuir a tolerância ao tédio e à frustração, o que prejudica a capacidade de
manter a atenção focada em tarefas mais longas e complexas. Crianças e
adolescentes podem desenvolver o chamado estilo cognitivo disperso,
caracterizado por uma dificuldade em sustentar o foco, especialmente em
ambientes escolares que exigem concentração prolongada."
A
necessidade constante de mudanças rápidas de foco exigida por conteúdos brain
rot também pode sobrecarregar a memória, comprometendo processos como a
organização de ideias, a elaboração de argumentos e o aprendizado de conteúdos
mais complexos, segundo o profissional.
Com
o tempo, essa busca por gratificação instantânea pode reconfigurar os circuitos
neurais. O cérebro passa a evitar atividades que exigem esforço ou atenção
prolongada, o que pode levar ao isolamento social, apatia, dificuldade de
raciocínio crítico e perda de autonomia na tomada de decisões.
Sinais
de alerta
Alguns
sinais de alerta em relação ao consumo excessivo desses conteúdos incluem:
- Diminuição
da capacidade de manter a atenção em atividades escolares ou de lazer que
exigem concentração prolongada, como leitura, esportes ou brincadeiras
criativas;
- Irritabilidade
ou impaciência quando não estão expostos a conteúdos rápidos e
estimulantes, indicando possível dependência desse tipo de estímulo;
- Queda
no rendimento escolar, especialmente em habilidades que envolvem
planejamento, organização de ideias, leitura e escrita;
- Isolamento
social, com preferência por interações exclusivamente mediadas por telas e
conteúdos digitais;
- Alterações
no sono, como dificuldade para adormecer ou sono fragmentado,
frequentemente associadas ao uso excessivo de telas.
Segundo
Aslan, pais e educadores devem buscar estabelecer limites claros para o uso de
dispositivos, incentivar atividades que promovam o foco e o raciocínio, e
cultivar momentos de interação presencial e afetiva. "É fundamental
estimular o pensamento crítico sobre os conteúdos consumidos, promovendo
conversas abertas sobre o impacto das mídias digitais na vida cotidiana."
Fonte
do áudio gravado por IA:
https://revistacrescer.globo.com/criancas/comportamento/noticia/2025/06/o-que-e-brain-rot-entenda-os-memes-caoticos-da-geracao-alpha-gerados-por-ia-como-o-tralalero-tralala.ghtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A equipe do Blog Encorajamento agradece pelo comentário !