SÍNDROME DO
INTESTINO IRRITÁVEL (SII)
O que você precisa
saber?
A síndrome do
intestino irritável (SII) apresenta-se como um conjunto de queixas (sintomas)
provocadas pelo mau funcionamento do intestino. Os sintomas mais comuns são a
dor e/ou desconforto abdominal, diarréia e/ou constipação (prisão de ventre).
A SII é uma das
desordens gastrointestinais mais comuns, atingindo cerca de 15% a 20% da
população geral. No entanto a grande maioria (70% a 90%) não procura
atendimento médico, o que significa que os valores para a freqüência da doença
são subestimados. A SII é a segunda causa mais freqüente de falta ao trabalho,
perdendo apenas para o resfriado. Essa síndrome acomete mais mulheres do que
homens, como mostram vários estudos.
Como você pode ver,
a SII é uma doença muito comum!
A SII pode ocorrer
em qualquer idade, sendo mais comum dos 15 aos 44 anos. Os médicos classificam
a SII como uma doença funcional, pois, quando examinam o intestino, não
encontram nenhum sinal de dano ou alteração na sua estrutura. Geralmente,
apresenta-se de forma leve. Em alguns pacientes, os sintomas podem alterar as
atividades diárias, causando insegurança de ir ao trabalho, participar de
reuniões sociais ou fazer uma viagem, mesmo de curta distância. As implicações
econômicas da síndrome são relevantes pelos seus custos diretos (como consultas
médicas, exames diagnósticos e medicamentos) e indiretos (diminuição da
produtividade e ausência ao trabalho), além do prejuízo na qualidade de vida.
Pode-se alcançar o
controle dos sintomas da SII por medidas que incluem dietas específicas,
tratamento e controle do estresse em alguns casos e medicações apropriadas.
Quais são os
sintomas da SII?
Os sintomas mais
freqüentes são diarréia, constipação ou ambas, intercaladas com períodos de
evacuação normal.
Diarréia: os pacientes com diarréia têm evacuações
freqüentes, com fezes amolecidas de pequeno ou médio volume, que ocorrem
durante o dia. A diarréia é acompanhada de dor e eliminação de muco. É comum a sensação
de não ter conseguido evacuar toda a quantidade necessária, além da sensação de
urgência, que leva a pessoa a procurar rapidamente o banheiro, principalmente
pela manhã ou após as refeições.
Constipação: é a dificuldade para eliminar fezes de consistência
dura. Geralmente os pacientes queixam-se do esforço e da dor para evacuar, da
baixa freqüência de evacuações e da sensação de evacuação incompleta.
Outros sintomas: além de diarréia e constipação, é comum
ocorrerem dor e distensão abdominal, eructações (arrotos) freqüentes, náusea e
sensações de azia e empachamento (estômago cheio), alem de outros sintomas
menos comuns, como a dor de cabeça e irritação.
Quais são as causas
da SII?
A SII pode
apresentar diferentes causas.
Fatores
psicológicos: a SII pode
relacionar-se a fenômenos psicológicos e alterações de comportamento, como alto
grau de ansiedade, variações de humor, tristeza, preocupações com dieta,
limitações da atividade sexual, depressão e distúrbios do sono. Nos portadores
da SII, há resposta exagerada do intestino a estímulos como distensão
(provocada por alimentos ou gases). Esse aumento de sensibilidade intestinal
normalmente se agrava em situações de estresse. Portanto, a redução do
estresse, profissional, familiar, entre outros, tem impacto nos sintomas da
síndrome.
Aumento da
atividade dos movimentos intestinais: pacientes com SII apresentam resposta
exagerada e inadequada dos movimentos intestinais aos estímulos da ingestão de
alimentos, tensão psicológica, entre outras manifestações, ocasionando
alterações da atividade intestinal evacuatória, como diarréia e constipação.
Aumento da
sensibilidade a dor: na SII, há
sensibilidade exacerbada aos estímulos dolorosos na região abdominal, ou seja,
um mesmo estímulo que não tem intensidade suficiente para causar dor abdominal
em pessoas saudáveis é capaz de causar dor nos pacientes com SII.
Infecção
intestinal: é possível que
infecções intestinais anteriores sejam responsáveis pelo aparecimento da SII em
algumas pessoas.
Como a dieta
interfere na SII?
A ingestão de
alimentos e o estresse psicológico são os principais fatores desencadeantes e
perpetuadores da síndrome. Normalmente, os sintomas da SII ocorrem logo após as
refeições. Em média, 35% a 66% das pessoas que apresentam SII não toleram
certos tipos de alimentos. Para avaliar se isso acontece com você, observe se a
ingestão de um determinado alimento provoca diarréia; anote os alimentos
ingeridos e o número de evacuações durante um período de tempo em que ocorram
pelo menos dois episódios de diarréia. Vale lembrar que nem todas as pessoas
são afetadas da mesma maneira pelos mesmos alimentos. A melhor maneira de
realizar a avaliação é retirar somente um alimento da sua dieta de cada vez e
ficar atento se você apresentará melhora.
Alguns exemplos de
alimentos que não devem fazer parte da dieta ou devem ser consumidos em
pequenas quantidades:
- Alimentos
gordurosos (bacon, banha, maionese, manteiga, amendoim, chocolate), pois
aumentam os movimentos do intestino.
- Também se deve
evitar álcool, pois desencadeia espasmos no cólon.
- Alimentos ricos
em sorbitol: o sorbitol está presente como adoçante artificial em produtos
dietéticos (por exemplo, goma de mascar) e medicamentos. Encontra-se, também,
em quantidade considerável em alimentos como pêssego, ameixa, cereja, maçã,
pêra, chocolates e doces em pasta.
- Alimentos ricos
em frutose (açúcar das frutas): frutas secas, uva, morango, maçã, sorvete,
geléia, gelatina, pudim, biscoitos, entre outros. A frutose provoca aumento dos
gases.
- Laticínios:
alguns dos pacientes com SII também são intolerantes à lactose (açúcar presente
no leite), o que significa que não são capazes de digeri-la. Nesses casos,
pode-se restringir leite e seus derivados, como queijo e margarina, ou utilizar
um leite com baixo teor de lactose, já facilmente encontrado no mercado
brasileiro.
- Alimentos ricos
em cafeína: café, chá preto, chocolate, refrigerantes do tipo “cola”, por
apresentarem efeito excitante e laxativo.
- Alimentos
picantes e produtores de gás: pimenta, feijão, lentilha, brócolis, repolho,
pimentão e cebola.
Recomenda-se dieta
rica em fibras nos casos da SII, seja por meio da ingestão de maiores porções
de frutas, hortaliças e cereais integrais, seja utilizando suplementação de
agentes que aumentam o bolo fecal como a pectina, o psyllium e o farelo de
arroz rico em fibras solúveis e insolúveis. Deve-se adicionar fibra de maneira
gradual para não aumentar a produção de gases, ingerir sua dose durante as
refeições e adaptá-la a cada paciente. Em muitos casos, fibras dietéticas podem
aliviar os sintomas, especialmente a prisão de ventre, mas podem não fazer o
mesmo efeito no caso de dores ou diarréia.
Como o estresse
atua na SII?
O estresse
normalmente provoca alterações no sistema digestivo. Nas pessoas com SII o
intestino é mais sensível e, portanto, essas alterações são ainda maiores.
Nesses casos, acompanhamento psicológico mostra efeito positivo na atenuação
dos sintomas da síndrome e na redução do estresse.
Como os
medicamentos podem melhorar a SII?
Existem várias
opções de medicamentos para tratar a SII. Um médico experiente deve escolher o
ideal para você.
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