Queridos,
Compartilho com vocês este texto bem sério e
interessante, escrito por um amigo, a respeito de filhos de missionários que
vivem no campo. Realmente os líderes deveriam pensar bem nisso antes de enviar
missionários com filhos de um lugar para outro constantemente, pois há muitos
fatores envolvidos.
Leiam!
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"Ontem recebemos o documento de identidade do
João Roberto, como todos sabem ele nasceu aqui na Argentina, logo é um
argentino por direito, entretanto entre filhos de missionários a coisa não é
tão simples assim. Poucos são os estudos disponíveis destinados aos filhos de
missionários, na verdade pouco se fala até mesmo sobre o cuidado do próprio
missionário, menos ainda sobre seus filhos, quero me atrever a fazê-lo nesse
post, ainda que de forma bem superficial.
O filho do missionário tem sido chamado de "Filho de terceira
cultura", o motivo é o fato dele nascer e crescer em uma nação e seus pais
serem de outra, com isso esse indivíduo não é 100% nem de uma nem de outra
cultura, é das duas, nascendo uma "terceira cultura", sendo ela
híbrida. Ainda existem casos do próprio casal serem de nações distintas, o que
pode fazer com que a família conviva com múltiplas culturas dentro de casa.
Tendo o João como exemplo analisemos: ele é argentino com pais brasileiros, o
que lhe dá direito de cidadania no Brasil também. Língua materna? Sem dúvida
terá duas, o espanhol por conviver com os nacionais e o português por ser a
língua falada em casa, irá crescer falando os dois idiomas, o que lhe
possibilita aprender os dois idiomas naturalmente. O Brasil para ele será a
terra de seus pais, que irá conhecer por nossas histórias e nossas idas ao
Brasil, a Argentina é seu país de nascimento, entretanto o dia que mudarmos de
Campo ele deixará para trás esse vínculo o levando apenas nas lembranças e nas
marcas deixadas por ele. Já vi muitos filhos de missionários sofrendo bastante
ao deixar seu país de nascimento e indo para o país de seus pais, em alguns
casos sem nem falar muito bem a língua. Muitos dizem que o João tem que torcer
para a seleção brasileira e para o Flamengo, mas como um argentino de
nascimento sempre terá mais contato com a celeste e branca e o Boca Juniors, o
que me faz pensar que o mais sensato é ele desenvolver vínculos com as duas
culturas. Aqui em casa somos Brasil, Argentina, Flamengo e Boca Juniors. Outra
coisa muito comum é a saudade que eles sentem dos familiares que vivem no país
dos pais, é de rasgar o coração ver uma criança dizer que está com saudades dos
avós, de um tio querido ou de um priminho que sempre brincam juntos quando está
de "visita". Muitos familiares eles nem mesmo terão vínculos.
Esses são apenas alguns temas que nos fazem pensar que o filho do missionário é
alguém que necessita de cuidados e atenções especiais. Não digo isso por ter um
filho nascido no Campo, ou que somos dignos de pena, não é o caso. Não somos
dignos de pena, apenas estamos cumprindo o chamado que recebemos do nosso
Senhor.
Que as igrejas enviadoras, agências missionárias, conselhos missionários, amigos e familiares possam olhar para esses pequeninos com outros olhos, eles passam por muitas coisas que nós muitas vezes nem imaginamos.
Ame os filhos dos missionários!!!!
Por Roberto Tadeu S. Júnior, missionário transcultural,
pós-graduando em Missão Integral no Contexto Urbano e pai de um filho de
terceira cultura.
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