Deus
tem um bom senso de humor. Se não, nunca teria juntado pessoas tão diferentes
na instituição sagrada que chamamos "casamento".
O
introvertido casa-se com a "vida da festa"; o "dorminhoco"
se junta àquela que acorda com os pássaros; ele esmaga o tubo de pasta de
dente; ela faz carinho no tubo para persuadir a pasta a sair; ele coloca o
papel higiênico para sair de cima, ela de baixo; ele quer tirar férias nas
montanhas, ela na praia; ele gosta de churrascarias, ela adora comida chinesa;
ele expressa amor através de atos de serviço; ela quer ouvir as palavras
"Te amo"; ele quer dormir com a janela aberta e o ventilador ligado,
mesmo no inverno; ela usa 2 cobertores mesmo com a temperatura 35 graus.
Infelizmente,
nem todos acham graça nas diferenças que existem em todos os casais. Pior, às
vezes diferenças como estas levam alguns casais à conclusão de que são
incompatíveis. Logo nos primeiros anos de casamento ficam desiludidos,
frustrados, decepcionados. Não tem que ser assim. Para valorizarmos a
individualidade de cada um, precisamos entender o propósito divino por trás das
diferenças entre nós. Além disso, precisamos aprender a aproveitá-las para
tornar o casamento ainda mais forte.
Deus
chamou o homem e a mulher para se completarem, não para competirem! Por que as
diferenças? Para entendermos este "senso de humor divino" que une
pessoas tão diferentes, precisamos voltar para o estabelecimento do casamento
dentro do plano de Deus.
Em
Gênesis 2.15-24 descobrimos alguns princípios importantíssimos que explicam por
que o ditado opostos se atraem é verdade para tantos casais.
1. O
homem precisava de ajuda para realizar sua tarefa no jardim. Quando Deus fez o
homem e o colocou no Jardim do Éden, deu-lhe a tarefa de cuidar e cultivá-lo
(Gn 2.15). Mas logo em
seguida Deus declarou que a situação do homem sozinho não era
bom (2.18). Esta é a única vez em 6 dias de criação que Deus fala que algo não
era bom. Em outras palavras Deus disse "Não dá! O homem não consegue
realizar tudo que eu quero na Terra. Está faltando alguém." O que faltava
era a mulher, Eva. Em Gênesis 2.18b e 20 ela foi chamada de auxiliadora idônea.
Infelizmente muitos têm torcido estes termos para fazer da mulher-esposa uma
espécie de capacho automatizado. Nada pode ser mais longe da verdade.
O
termo auxiliadora não significa escrava, alguém para lavar sua roupa e fazer
sua comida. A mesma palavra hebraica foi usada de somente uma outra pessoa no
Velho Testamento, o próprio Deus! Deus é nosso auxílio (Sl 33.20), amparo (Sl
115.9-11) socorro (Os 13.9) e ajuda (Dt 33.7). Em outras palavras, Ele socorre
os seres humanos na hora das suas maiores necessidades.
Seria
difícil imaginar um termo mais nobre. Pela sua graça, Deus colocou um
representante de Si mesmo ao lado de cada casado, um auxílio e amparo que
socorre e ajuda em todas as necessidades. Assim é a esposa para o homem e, por
implicação, o homem para sua esposa.
2.
Deus criou a mulher para completar o que faltava no homem, e vice-versa. O
outro termo, idônea, literalmente significa conforme o seu oposto. Em outras
palavras, a mulher corresponde ao homem mas também completa o homem. Ela é o
que ele não é, faz o que ele não faz, supre o que ele não tem, e vice-versa.
Assim como os dedos de duas mãos se entrelaçam, homem e mulher juntos fecham as
respectivas falhas na vida de cada um.
Como
aproveitar as diferenças? Infelizmente demorei um pouco para perceber que
diferenças contribuem para a saúde do casamento. Cedo no nosso casamento fiz de
tudo para criar minha esposa na minha própria imagem (Deus nos ajude!). Gosto
demais de fazer longas listas de afazeres; minha maior paixão na vida é de
colocar um “X” ao lado de uma tarefa já feita. (Sou tão obsessivo que às vezes
faço uma tarefa que não consta na minha lista, e depois de feita escrevo-a na
lista de afazeres, só para ganhar mais um “X”!) A minha esposa não é tão
neurótica assim. De fato, fora o deslize de ter se casado comigo, as pessoas
acham ela normal. Mas nos primeiros anos do nosso casamento pensei que ela precisava
ser mais organizada (apesar do fato de que eu esqueço mais que ela).
Tentei
convencê-la da necessidade de escrever tudo numa linda lista de afazeres, como
eu fazia. Não deu em nada, graças a Deus! Foi quando comecei a perceber que
nunca queria casar-me comigo mesmo. Escolhi minha esposa pelo fato de ela ser
diferente de mim. Lembro-me de um outro erro machista que cometi. Imaginava
que, como varão eu tinha que cuidar das finanças familiares, apesar do fato da
minha esposa ser muito mais econômica e atenciosa a detalhes financeiros.
Depois que eu soltei um bom número de cheques sem fundo, inclusive para o
governo federal, concluí que nosso casamento seria bem mais forte se ela
cuidasse desta área. (É difícil cultivar um casamento sólido quando um cônjuge
está na cadeia!) E descobri que aproveitar das áreas fortes da minha esposa não
era uma ameaça a minha masculinidade.
Um
dos segredos de um bom casamento não é que os dois eliminam as diferenças entre
si com o passar do tempo. A chave é saber trabalhar as diferenças! Um exemplo
da biologia ilustra este princípio. Dizem que quanto mais diversificados os
genes, mais forte se torna a espécie. Isso pelo fato de que quando dois animais
com genes semelhantes cruzam, tendem a reforçar as fraquezas na espécie. Mas a
diversidade genética enriquece e fortalece a cria, pois genes prejudiciais são
contrabalançados por genes bons. O casamento é assim também. O casal esperto
sabe aproveitar as diferenças entre si para ministrar um para o outro
justamente nas áreas de fraqueza ou falha.
Por
exemplo: Uma esposa extrovertida ajuda seu marido tímido em situações onde ele
se sente desconfortável; Um marido que não enxerga bem à noite deixa que sua
esposa dirija o carro de volta para casa; Uma esposa com muita capacidade de
discernimento usa seu “sexto senso” para advertir o marido contra maus
negócios; Um marido perfeccionista ajuda sua esposa ativista a melhorar a
qualidade de seu serviço; Uma esposa compassiva amolece a rigidez do seu marido
que tem gênio forte; Um marido menos acadêmico conta com a ajuda da sua esposa
estudiosa para preparar sua aula de escola dominical.
Poderíamos
multiplicar os exemplos, mas o ponto está claro: O casal sábio aprende cedo a
trabalhar as diferenças entre eles para fortalecer e não enfraquecer seu lar.
Este casal sabe que as diferenças foram criadas por Deus não para criar
competição, mas sim complementação em casa. “Quando sou fraco, então ela é
forte” e vice-versa. Foi um bom senso de humor divino que fez o casal assim. É
bem melhor dar risada às diferenças entre nós do que discutir sobre elas.
Agora
só preciso aprender a enrolar o tubo de pasta de dente de baixo para cima. Mas
será que consigo achar um bom restaurante chinês nas montanhas?
Por
Pr. Davi Merkh
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