"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda
o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida". (Pv 4.23)
O Senhor tem me impressionado com o primeiro versículo:
"Sobre tudo o que se deve guardar...".
Tenho pensado que, nesse tempo em que vivo, preciso mais do que
nunca guardar meu coração. Sobre, e contra ele, vêm ataques, os mais variados.
Percebi que em alguns momentos eu fraquejei e permiti que meu coração fosse
atingido por dardos.
Por causa disso, e através da ferida aberta, a vida, a energia, se
esvaiu e me vi lutando, sem forças, para me colocar de pé novamente. Não fosse
o Senhor que sempre esteve ao meu lado, há muito eu teria morrido.
Tudo porque não protegi o meu coração nos momentos de ataques.
Normalmente, sou uma pessoa que gosta de guardar coisas, isto é,
mesmo quando não vou precisar delas, não gosto de jogar nada fora, pois me
parece que em algum momento me serão úteis. Livros, cadernos, agendas,
parafusos e chaves são alguns dos objetos que gosto de guardar.
O Senhor me falou nesses dias: "Guarda o teu coração!"
Tenho procurado saber de que devo guardar meu coração. Vi que
existem coisas que andam perigosamente próximas do meu coração e podem
atingi-lo com muita facilidade, pois assediam a todos nós constantemente.
Não sei se é o seu caso, meu caro leitor, mas na dúvida, guarde
seu coração dessas coisas.
Guarde o coração da avareza.
Avareza é a incapacidade de dividir, de compartilhar algum bem ou
algum dom. É quando se retém algo que serviria para o bem de outrem.
É quando eu guardo algo de valor porque pode ser que me faça falta
no futuro. Dependo, de alguma maneira daquilo e, pelo fato de retê-lo, adquiro
uma certa confiança e descanso.
Isso é o que se sente pelo dinheiro. Um apego, uma má vontade em
me desfazer dele em favor de outra pessoa, pois no futuro imediato ou longínquo
posso precisar.
A avareza foi chamada de idolatria também por causa daquilo que os
bens produzem em nós em termos de consolo e conforto em relação ao futuro.
O descanso em Deus e a generosidade são o remédio contra a
avareza. A Bíblia nos exorta a lançarmos o pão sobre as águas, distribuir à
direita e à esquerda, exatamente por não sabermos o que nos sucederá no dia de
amanhã.
Que atitude diferente daquilo que vemos hoje!
"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição,
impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria" (Cl
3.5; veja também Mc 7.22; Lc 12.15; Rm 1.29; 2 Co 9.5; Ef 5.3; 1 Ts 2.5; Hb
13.5; 2 Pe 2.3,14).
Guarde o coração da impureza
Tudo aquilo que não é puro deve ser confessado e abandonado.
Podemos estar sujos sem perceber, pois fomos nos sujando aos poucos.
Às vezes vou sair de casa e a Irani, minha querida esposa, diz:
"Você deve trocar essa roupa porque está suja!" Eu andei com aquela
roupa em diversos lugares e não percebi como se contaminou!
Precisamos nos guardar de toda forma de sujeira. O mundo em que
vivemos é sujo. É imundo mesmo. Ao tocar em pessoas e coisas somos impregnados
pelo pó e pelas manchas que estão por aí. Somos contagiados em nossa maneira de
viver, de reagir, pensar, falar, vestir, comprar, vender.
Somos influenciados, principalmente, através daquilo que ouvimos e
vemos. A Bíblia nos diz que a fé vem pelo OUVIR e o OUVIR pela Palavra de Deus.
"Também diz que nossos olhos são a lâmpada do nosso
corpo" (Mt 6.22, 23).
Quanta coisa vem a nós pelos olhos!
No livro de Jó, no capítulo 31.1-9 temos em detalhes o caminho
para o pecado do adultério. Ele fala de fixar os olhos em uma donzela (olhar e
depois continuar olhando), fala de o coração seguir os olhos, depois dos pés
seguir o coração, e então andar à espreita, esperando o momento de pecar.
Temos duas portas de entrada que são os olhos e os ouvidos. Dessas
portas, o material coletado vai para a mente para ser processado e se não
cuidarmos, vai para o coração.
Nesse texto de Jó é assim. As coisas que presenciamos e que
ouvimos, permanecem por um tempo na mente. Se tivermos um bom filtro
funcionando, elas não chegarão ao coração.
Esse filtro é a nossa consciência, num primeiro momento; depois
aquilo que sabemos de Deus (os princípios que recebemos e armazenamos em nosso
espírito); e, por fim, a própria voz do Espírito Santo.
Lembremo-nos que somente subirá ao santuário do Senhor aquele que
tem as mãos limpas e o coração puro, e que sem santificação ninguém verá a Deus
(Sl 24.3,4; Hb 12.14; Mt 5.8)
"Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que
procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia"
(1Tm 1.5).
Guarde o coração de ressentimento.
Ressentimento é, basicamente, sentir a mesma coisa de novo.
É quando eu passo por uma situação desagradável, ouço ou recebo
algo e, ao invés de perdoar ou passar por cima disso como algo insignificante,
penso e medito naquilo até que cresce e torna-se um problema enorme dentro de
mim. Isto tudo, evidentemente, sem levar a questão diante de Deus, onde
rapidamente poderia ser solucionado e esquecido.
Aquele simples pensamento passa a ser uma fonte de mágoa que se
transforma em amargura com raízes que geram frutos e contaminam o ambiente e as
pessoas ao meu redor. Depois disso, estabelece-se uma fortaleza no meu
interior, na qual me isolo e de onde olho desconfiado para todas as pessoas.
Tudo porque não me guardei de sentir de novo, de refletir nos
fatos sem a cobertura do Espírito Santo.
O santo remédio para isso é chamado na Bíblia de perdão.
Devo me armar, enquanto estiver vivendo em congregação formada por
gente, de um coração perdoador que me fará perdoar antecipadamente as faltas
dos irmãos (quando de fato forem faltas, pois muitos problemas na realidade são
apenas a minha interpretação das coisas).
Um Coração Puro
Não posso permitir que os meus passos sigam o meu coração
contaminado pela mágoa, embriagado pelas riquezas desse mundo, corrompido pela
imundície do pecado, enganado pela falsa doutrina, soberbo por aquilo que pensa
que sabe, altivo por aquilo que acha que tem.
Preciso trazer o meu coração diante do Pai das luzes e dizer na
sua presença: "Senhor, tu sabes que tenho o coração perfeito diante de Ti!"
Preciso guardar meu coração livre e incontaminado diante desse
mundo louco e pervertido. Ele não deve ser produtor de invejas, maledicências,
homicídios, enganos, fraudes etc. Meu coração precisa ser fonte de vida.
E vai ser! As pessoas que se aproximarem de mim vão receber da
vida de Deus que estará jorrando dessa fonte. O que brotar de mim vai saltar
para a vida eterna.
Meu coração vai ser uma ferramenta nas mãos do Espírito Santo para
que ele sinta compaixão através de mim. Que ele ame por meio da minha vida. Que
ele se hospede em mim. Que ele se derrame para as pessoas através de mim como
canal limpo e incontaminado, sempre, em todo o tempo.
E vou habitar para sempre na presença do Senhor.
José Jamê Nobre é conferencista, escritor e pastor de uma
comunidade em Jundiaí - SP.
Revista Impacto, ano 5 , n 26, nov/dez, 2002. www.revistaimpacto.com
revistaimpacto@revistaimpacto.com
Texto retirado do site: http://www.batistadocalvario.com.br/estudos.asp?codigo=27
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